DESCOBERTAS RUÍNAS DA CAPELA ONDE FOI BATIZADA NHÁ CHICA ÀS MARGENS DO CAMINHO DO COMÉRCIO
O ARRAIAL DE SANTO ANTÔNIO DO RIO DAS MORTES PEQUENO FICAVA ÀS MARGENS DO CAMINHO DO COMÉRCIO E LÁ, INCLUSIVE, FICOU HOSPEDADO SAINT-HILAIRE------Alicerces da fé são revelados na capela de Nhá ChicaÀs vésperas da beatificação, que deve reunir 40 mil católicos em Baependi, voluntários descobrem piso de pedras da capela em São João del-Rei, onde Nhá Chica foi batizada em 1810
Publicação: 01/05/2013 06:00 Atualização: 01/05/2013 07:38
“Foi uma bênção, pois achamos o piso de pedras no dia 23, três dias, portanto, antes da data em que Nhá Chica foi levada à pia batismal”, diz o escultor Osni Paiva, autor da imagem oficial da beata, com policromia do restaurador Carlos Magno Araújo, que irá para o altar da Igreja de Nossa Senhora da Conceição, conhecida também como Santuário de Nhá Chica, no Centro de Baependi. A festa de beatificação, no sábado, às 15h, deverá reunir cerca de 40 mil católicos.
A nova imagem de Nhá Chica, esculpida em cedro, com 1m de altura, seguiu ontem do ateliê em São João del-Rei para Baependi. Segundo Osni Paiva, a elaboração da peça seguiu orientações do bispo diocesano de Campanha, dom frei Diamantino Prata de Carvalho, à qual Baependi está vinculada. A partir da cerimônia em que a mineira se tornará Bem-aventurada Nhá Chica ou Beata Nhá Chica – etapa anterior à canonização, que significa se tornar santa –, a tradicional imagem da idosa sentada numa cadeira e mãos apoiadas num guarda-chuva vai mudar de figura. No altar, estará de pé, de braços abertos, significando acolhimento, semblante mais leve, veste cor-de-rosa e com um rosário na mão direita. Segundo especialistas, apenas os chamados doutores da Igreja podem ter imagens sentados numa cadeira. Anteriormente, Osni fez uma imagem menor, sem policromia, que foi publicada na capa da novena de Nhá Chica.
Voluntários encontraram o piso original da capela numa propriedade particular |
Reconhecimento“O dono da propriedade é muito religioso e nunca se opôs às nossas idas ao local. Há muito espaço para ser escavado e, com certeza, vamos encontrar o piso do restante da capela”, adianta Osni. A descoberta arqueológica, que o Estado de Minas apresenta com exclusividade e será publicado na revista Memória Cult, já mereceu avaliação do integrante do Instituto Histórico e Geográfico e Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Cultural, ambos de São João del-Rei, José Antônio de Ávila Sacramento. O alicerce fica numa profundidade de 90 centímetros.
“Trata-se de um precioso achado arqueológico que representa muito para a história da região da antiga comarca do Rio das Mortes, bem como para a memória de Minas e do Brasil”, diz José Antônio. Segundo ele, há registros de que, em 1722, na primitiva capela, foi instalado o Compromisso da Irmandade de Santo Antônio do Rio das Mortes Pequeno. No templo, casaram-se, em 29 de junho de 1724, Júlia Maria da Caridade e Diogo Garcia da Cruz (ela, ilhoa do Faial, arquipélago dos Açores), que se constituíram em importante tronco de uma descendência enorme, que se espalhou pelo território mineiro, São Paulo, Goiás e outros”, afirma.
TOMBAMENTO
O conselheiro José Antônio de Ávila Sacramento lamenta que, apesar dos esforços, o sítio arqueológico ainda não tenha sido oficialmente protegido nem teve aberto o processo de tombamento pelo Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Cultural de São João del-Rei. “A esperança é de que, com essa descoberta, o procedimento tenha sucesso. Quando presumimos que o ouro das nossas muitas Minas já (quase) se esgotou, há outras riquezas reservadas, ainda que temporariamente ocultas sob os caminhos da Estrada Real”, afirma o conselheiro. Ele teme, no entanto, pela segurança do sítio, localizado em um ponto ermo na mata: “As pedras do piso poderão ser quebradas ou levadas como relíquias da beata, pois a devoção a ela é grande, ou simplesmente furtadas”.
Há cerca de três anos que provoquei formalmente o tombamento deste sítio perante o Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Cultural de São João del-Rei, onde atuo como conselheiro. Venho cobrando sistematicamente a abertura do processo e a nomeação de um relator para estudar e fundamentar melhor a questão. Na última reunião do Conselho, dia 24 de abril, voltei a cobrar o procedimento e a presidência justificou-se com evasivas... Infelizmente, não tenho obtido êxito. A minha esperança é que agora, com a apresentação destes novos fatos, o processo possa seguir o procedimento natural.
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